3. O StreetPass em Nova Iorque

Iwata:

Depois de usar o StreetPass num ponto de retransmissão, não é possível voltar a fazê-lo no mesmo ponto durante oito horas. Porquê?

Yamazaki:

O próprio StreetPass da Nintendo 3DS não permite fazê-lo com a mesma pessoa até oito horas depois.

Iwata:

Então, por exemplo, se eu passasse pela mesma pessoa a cada cinco minutos, a Praça Mii StreetPass ficaria cheia de uma só pessoa.

Yamazaki:

Pois.

Kawahara:

Reuni-me com Konno-san e decidimos que se passaria o mesmo com os pontos de retransmissão: não se pode usar o StreetPass no mesmo ponto a menos que tenham passado oito horas desde a última vez.

Yamazaki:

Na verdade, teria sido bastante simples criar uma proteção: depois de passar num ponto de retransmissão e de transferir dados, o utilizador seguia para um segundo ponto de retransmissão, mas já não seria possível transferir dados, a menos que já tivessem passado oito horas. Quando partilhei a ideia com Konno-san logo no início, ele respondeu de imediato que não. (risos)

Konno:

Mas não queres ir a vários pontos de retransmissão? (risos)

Yamazaki:

Quero. (risos) Demorou algum tempo a implementar a ideia, mas estou contente com o resultado.

Iwata:

Então foi assim que os pontos de retransmissão StreetPass começaram. E que obstáculos enfrentaram no processo? Se tiveram a ideia há três anos, então suponho que muita gente esteja a pensar: “Porque é que não o fizeram há três anos?”

Kawahara:

Houve uma série de obstáculos tecnológicos. Usámos 100.000 pontos de acesso por todo o mundo com dados de montes de pessoas carregados num servidor especial. Tivemos de processar uma quantidade enorme de trocas de dados em tempo real, transmitindo os dados apropriados a todo o tipo de pessoas. Há três anos, ainda não tínhamos a certeza se seria possível preparar um servidor para realizar uma tarefa desta dimensão corretamente.

Iwata Asks
Iwata:

Há muitas outras coisas que tiveram de fazer no que diz respeito à comunicação da Nintendo 3DS.

Kawahara:

Sim.

Iwata:

Embora algumas pessoas tenham dito que dar início ao projeto seria difícil, houve muito entusiasmo – em particular nos últimos seis meses – para completá-lo custasse o que custasse. Queres esclarecer este ponto, Konno-san, uma vez que foste uma das pessoas que deu a ideia inicial?

Konno:

Claro. Ouvi dizer que o StreetPass é bastante popular no Japão mas que o mesmo não se pode dizer dos outros países. Fui em trabalho aos EUA em março, tendo lá ficado algum tempo, e decidi ir ver como é que as coisas se passavam por lá, por isso andei a passear por Nova Iorque com a minha Nintendo 3DS.

Iwata:

E como estamos a falar de Nova Iorque, havia muitas pessoas, certo?

Konno:

Mas não foi nada fácil encontrar outros utilizadores.

Iwata:

Nos EUA utiliza-se muito os carros particulares, mas Nova Iorque tem um sistema de transportes públicos bastante desenvolvido e é uma das cidades mais agitadas do mundo.

Konno:

É verdade. Mas não tive encontros StreetPass nenhuns. Fui então a Times Square, mesmo no centro de Manhattan. Aí ainda encontrei outros utilizadores, mas…

Iwata:

Só alguns, não é?

Konno:

Muito poucos. Encontrei muito menos pessoas do que estava à espera, por isso achei que tínhamos de fazer qualquer coisa.

Iwata:

E foi no coração de Nova Iorque que uma chama se acendeu no produtor da Nintendo 3DS.

Konno:

Pois. (risos)

Iwata:

Pouco tempo antes de Konno-san ter partido para os EUA, eu próprio verifiquei o número de ocorrências StreetPass porque estávamos prestes a lançar os conteúdos adicionais para a Praça Mii StreetPass18, e não havia quase nada nos outros países em comparação com o Japão.18. Conteúdos adicionais para a Praça Mii StreetPass: Refere-se aos quatro novos jogos que estão agora disponíveis na Praça Mii StreetPass – Batalha Espacial Mii, Jardim StreetPass, Investigação Paranormal Mii e Conquista StreetPass.

Konno:

Certo.

Iwata:

Nos EUA, a quantidade de encontros StreetPass que ocorria era à volta de um décimo do que ocorria no Japão. Achei que era muito pouco, faltavam-lhe zeros. E depois descobri que era ainda menos na Europa. Apesar de o número de consolas vendidas e de o número de clientes que experimentaram o StreetPass não variar muito de região para região, o número de encontros era drasticamente inferior. Quando se anda pelas ruas do Japão, o StreetPass acontece frequentemente; é um hábito as pessoas andarem com as suas consolas Nintendo 3DS. E acho que não serão poucas, as pessoas que levam as consolas para os EUA ou para a Europa na esperança de terem algum encontro StreetPass. Mas suspeito que muitas pessoas tenham ido para casa desiludidas por não terem encontrado ninguém.

Konno:

E depois desistem de andar com a consola atrás.

Iwata:

Pois é. E por isso pensámos que seria importante criar pontos de retransmissão onde certamente os utilizadores teriam encontros StreetPass.

Konno:

Especificamente, pensámos na altura em que Animal Crossing: New Leaf19 foi lançado no Japão e as pessoas estavam a ficar entusiasmadas com o StreetPass ao mesmo tempo que, no estrangeiro, Animal Crossing: New Leaf estava prestes a ser lançado…19. Animal Crossing: New Leaf: Jogo de comunicação lançado para a consola Nintendo 3DS em junho de 2012. No HH Showcase é possível visitar as casas das pessoas encontradas através do StreetPass e adquirir mobília.

Iwata:

Konno-san voltou dos EUA quando o StreetPass estava a ganhar uma grande popularidade.

Konno:

Sim. Assim que voltei reuni-me com toda a gente.

Iwata:

Yamazaki-san, em que mês é que o projeto voltou a ganhar vida?

Yamazaki:

Mais ou menos no início de abril deste ano. Quando Konno-san voltou dos EUA, encontrámo-nos e ele disse: “Quero fazer pontos de retransmissão StreetPass, por isso vamos falar sobre o que podemos fazer.”

Iwata:

Que bomba! (risos)

Yamazaki:

Se tivermos em consideração o resultado, sim. (risos) Na altura, ele queria ter tudo pronto para lançamento no verão.

Iwata Asks
Iwata:

…Parece-me um bocadinho insensato. (risos)

Todos:

(risos)

Yamazaki:

Primeiro, perguntou se podíamos fazer o lançamento lá para junho, para coordenar com o lançamento de Animal Crossing: New Leaf e da atualização da consola Nintendo 3DS.

Iwata:

Ele falou-vos disto em abril e queria tudo pronto dois meses depois?

Yamazaki:

Correto. (risos)

Iwata:

Que monstro! (risos)

Todos:

(risos)

Yamazaki:

Claro que eu implorei: “Por favor, tem piedade!” Nem sequer íamos conseguir dar início ao desenvolvimento antes das férias...só no início de maio.

Konno:

Mas eu sabia que eles já tinham pensado nisto no ano anterior, por isso – algo irresponsavelmente – pedi-lhes para o fazerem.

Iwata:

Então já havia algum planeamento desde o ano anterior.

Yamazaki:

Claro. Trabalhámos no projeto até ficarmos com uma ideia geral de como poderia ficar.

Iwata:

E esse trabalho foi útil quando recomeçaram?

Yamazaki:

Foi. Já tínhamos pensado no assunto o suficiente para perceber que, ao contrário do que se passava há três anos, já era tecnologicamente possível.

Iwata:

Mas se o desenvolvimento começou em maio, não haveria muito tempo para fazer um lançamento no verão.

Yamazaki:

Pois não.

Iwata:

Era impossível prever se haveria um número incrível de utilizações simultâneas no conjunto dos 100.000 pontos de acesso mundiais, ou se, pelo contrário, não haveria muitas utilizações. Mas tinham de criar um sistema capaz de lidar com ambos os cenários num curto espaço de tempo. Como é que construíram o servidor?

Kawahara:

Bem, vamos falar de coisas muito técnicas. Como é que eu vou explicar isto?

Iwata:

Posso traduzir o melhor que sei! (risos)

Kawahara:

Ah, sim, agradecia. (risos)

Todos:

(risos)